Fonte: Uol, por Afonso Ferreira.
oi-se o tempo em que chegar à terceira idade era sinônimo de ficar em casa. Com o aumento na qualidade de vida das pessoas que alcançaram a marca dos 60 anos, é crescente o número de empreendedores nesta faixa etária.
Segundo o último Relatório GEM (Global Enterpreneurship Monitor), com dados de 2010, cerca de 1,4 milhão de empresas brasileiras em fase incial (com até 42 meses de existência) são comandadas por pessoas entre 55 e 64 anos. Deste total de empresários, estima-se que mais de 650 mil estejam acima dos 60 anos.
Para o gerente de inovação do Sebrae Nacional, Enio Pinto, a maturidade abre uma janela de oportunidade para empreender, pois é o momento em que, em geral, as pessoas estão se aposentado e os filhos já são independentes.
“Nesta fase da vida, o indivíduo se libertou de algumas responsabilidades e tem menos gente dependendo dele. É um ótimo momento para empreender porque ele pode voltar a correr riscos.”
Segundo o gerente de inovação do Sebrae, na terceira idade, os empreendedores reúnem um conjunto de características chamada pelos especialistas de CHA (Conhecimento, Habilidade e Atitude).
Segundo ele, esse momento favorável só ocorre duas vezes ao longo da vida. A primeira, na faixa dos 18 e 24 anos, quando o jovem está cursando a faculdade ou é recém-formado, não casou e não constituiu família ainda. A segunda, quando chega à maturidade.
“Nos dois casos, temos pessoas com muita informação. O jovem porque está cursando ou acabou de sair da faculdade e na maturidade porque acumulou experiência ao longo da vida”, afirma.
Empreendedor maduro busca realização pessoal
De acordo com o gerente de inovação, após os 60 anos, os empreendedores já acumularam certo patrimônio e optam por abrir um negócio com o foco mais voltado para a satisfação pessoal. Neste caso, a realização é um estímulo maior do que a rentabilidade e o lucro.
“Normalmente, para os mais velhos, aquilo que era um hobby ou um sonho antigo se torna uma atividade profissional. A preocupação maior é a própria satisfação e não a compra de novos bens”, diz.
Os mais jovens, por sua vez, buscam a independência e ainda não consquistaram seu patrimônio. Para eles, a lucratividade é o que mais os motivam a empreender.
Como desvantagem dos empreendedores maduros, o gerente de inovação cita o risco de problemas de saúde associados à idade, porém ressalta que a qualidade de vida para os idosos melhorou.
“Se a pessoa tiver energia e se manter atualizada ao longo do tempo, só vejo pontos positivos para este empreendedor. Ele tem a seu favor todos os aspectos para o sucesso do negócio.”
Projetos incentivam empreendedorismo na terceira idade
Em Santa Catarina, a terceira idade tem um incentivo a mais para abrir um negócio próprio. O estado conta, ao menos, com dois projetos de incentivo ao empreendedorismo. Um deles é o Projeto Idoso Empreendedor, criado em 2007 pelo Sesc-SC, entidade que oferece programas e serviços voltados à cultura e ao lazer.
As atividades são focadas na inclusão social das pessoas acima de 60 anos, por meio de dinâmicas, debates e o uso da informática. Os encontros acontecem duas vezes por semana durante o ano todo e é necessário pagar mensalidade de R$ 25 para participar.
Com uma metodologia semelhante, a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) criou a Oficina de Empreendedorismo, um curso de seis meses de duração ministrado pelo Neti (Núcleo de Estudos da Terceira Idade).
De acordo com a professora da oficina, Ana Lúcia Serraresi, os alunos aprendem noções básicas de empreendedorismo nas aulas e aqueles que demonstram maior interesse em abir um negócio próprio são encaminhados para outros serviços, como o Sebrae.
“Nós apresentamos alguns conceitos e os próprios alunos detectam suas habilidade e o que é importante para eles.”