Fonte: A Tarde, por Juliana Brito.
Nos próximos dois anos, Salvador vai ganhar cinco novos shoppings populares. Com produtos que podem custar até 50% menos que nos shoppings convencionais, esses empreendimentos, apesar de interessarem a todas as classes sociais, sustentam-se na ascensão da classe C.
Essa faixa da população, que ganha entre três e cinco salários mínimos, teve um crescimento de 48% na Bahia, entre 2006 e 2012.
“Esse é um público que vem experimentando a inclusão social através do consumo”, diz o economista Gustavo Pessoti. “Eles mantêm o consumo em alta, mesmo com os juros subindo. Não podem fazer uma poupança, mas consomem se houver crédito disponível e barato e preços estáveis”, analisa.
Gestor do primeiro shopping popular da Bahia, o Mega China Shopping, inaugurado há 22 dias em Santo Antônio de Jesus, Cristiano Neves acredita na fidelidade desse público.
“Ele é mais constante. Não compra muito pela internet, como a classe B e nem busca a exclusividade, como a A. Mas é muito exigente”, diz.
Essa percepção sobre o novo nicho do varejo, que vem ganhando força no Sudeste, estimulou o Grupo JP Dias a construir quatro desses shoppings em Salvador.
De origem mineira e atuação no mercado de mídia out of home, o grupo tinha o intuito de investir no interior do próprio estado. Mas após a constatação de que não havia empreendimentos do tipo na capital baiana, resolveu transferir o local dos empreendimentos.
Os quatro shoppings representam um investimento de R$ 80 milhões. O primeiro deles vai ser inaugurado em novembro, em data ainda indefinida, na Avenida JJ Seabra, na Baixa dos Sapateiros.
Uma segunda unidade vai ser aberta no segundo semestre de 2014, em Cajazeiras. Em dezembro do mesmo ano será a vez de um shopping na Av. Sete. Até o final de 2015, a quarta unidade abrirá as portas na região do Iguatemi.
Trabalho
Perto dali, na Avenida ACM, está o Shopping da Gente, que será inaugurado em maio de 2014. Serão 370 espaços com tamanhos que variam de 4,24 metros a 20 metros.
Além do comércio, o shopping terá serviços. Profissionais liberais como médicos, advogados e dentistas poderão participar do projeto.
Todos esses centros comerciais têm uma estrutura modular, com boxes, que podem ser adaptados conforme a necessidade, já que as paredes são flexíveis.
Mas a simplicidade para por aí. Contrariando as expectativas para um projeto popular, a assinatura do prédio do Shopping da Gente é do arquiteto Antonio Caramelo.
“Não precisa ser caro para ser bonito”, defende o diretor, Carlos Piñon. O empresário é originário de uma família que há décadas atua no setor de concessionárias.
A inovação também foi uma preocupação no projeto do Mega China Shopping, inspirado em empreendimentos da China e de Dubai.
“O modelo brasileiro estava deteriorado. As instalações não são espaçosas. Queremos atrair o consumidor não só pelo comércio, mas pela estrutura do local”, diz Neves.
Esses shoppings, ao contrário dos tradicionais, pouco trabalham com as grandes redes do varejo. São uma oportunidade para um público até então ausente nesse tipo de comércio: os pequenos e médios empresários.
Isso porque, em alguns casos, o metro quadrado chega a ser 70% mais barato que em um shopping convencional.
O número de empregos criados também deve ser grande. Juntos, Shopping da Gente e os três primeiros empreendimentos do Grupo JP Dias vão gerar 8 mil vagas.