O aumento de vendas a prazo em relação ao ano passado deve ficar menor: 4%. Em 2012, o crescimento de vendas em relação a 2011 foi de 4,75%
Fonte: Correio da Bahia, por Joana Rizério.
Esqueça eletrodomésticos, produtos de beleza, bolsas, sapatos e a agonia das ruas e corredores lotados da véspera de Dia das Mães. Primo pobre dos feriados na capital baiana, o Dia dos Pais perde em vendas para o Natal, Dia das Mães, Liquida Salvador (evento que promove liquidações anuais em vários pontos da cidade) e até para o São João, segundo estimativa do diretor do Conselho do Comércio da Confederação de Dirigentes Lojistas (CDL) de Salvador, Haroldo Nuñez.
O valor dos presentes deve variar de R$ 30 a R$ 90, segundo estimativa do CDL. E, o aumento de vendas a prazo em relação ao ano passado deve ficar menor: 4%. Em 2012, o crescimento de vendas em relação a 2011 foi de 4,75%. Pelo menos, esta é a previsão do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC-Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Maria das Graças pretende gastar R$ 300 em dois presentes
Para o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, isto é explicado pela baixa empregabilidade e a diminuição da renda do consumidor. “O cenário econômico é desfavorável. A inflação e a alta dos juros inibem o poder de compra do brasileiro”, diz.
A dona de casa Maria das Graças Ferreira Silva, 53, tem uma boa explicação para o porquê o seu dia (das Mães) ser mais valorizado: “A gente se doa muito e está sempre com os filhos. Acaba sendo recompensada”, acredita. O Dia das Mães e o Natal são as principais datas para o comércio.
Maria das Graças pretende gastar, entre os presentes para o filho (que também é pai) e o marido, no máximo, R$ 300. Mais do que o tíquete médio esperado pelo comércio.
Intenção
O servidor público Otávio dos Santos, 40, precisou da ajuda do filho de 9 anos para se lembrar do presente que deu à esposa no último Dia das Mães: um fim de semana num hotel-fazenda em Amélia Rodrigues, Região Metropolitana de Salvador.
Sem querer estragar a surpresa, o filho de Otávio confessou, inocentemente, o valor do que comprou para o pai: “Já gastei R$ 11 com o presente dele”. Em meio a risos, o pai emendou: “O que vale para mim é o sentimento”.
A educadora financeira Bianca Fiori, do Instituto Dsop de Educação Financeira, afirma que presentear homens é historicamente mais difícil do que mulheres. Ela acredita que a relação dos filhos com as mães é mais afetiva do que com os pais, o que termina se revertendo em um cuidado extra na hora dos presentes.
Além disso, segundo ela, os artigos masculinos costumam ser mais caros do que os femininos. “E quando as pessoas estão sem dinheiro, acabam tendo que optar por uma lembrança”, explica.
Promoções
O vendedor de loja Vinícius Guilherme, 21, afirma que as pessoas saem às compras com uma ideia de valor. Mas, segundo ele, na loja em que trabalha, se surpreendem com o preço e “acabam levando duas ou três peças”.
Ele vai comprar o presente do pai na loja em que trabalha “pela comodidade”. Em sua opinião, o Dia das Mães “é mais prejuízo porque mulher gosta de coisas mais caras”.
O cozinheiro Jefferson Santos, 22, não pretende gastar muito com o presente do pai. “Pai não liga, mas mãe põe um valor sentimental no presente”, acredita. Cid dos Santos, 38, que vendeu o presente do pai de Jefferson, também acha que o pai não se importa. “Para o meu pai, basta lembrar”.
Presentes para os pais têm alta menor que a da inflação, diz FGV
Os preços de grande parte das sugestões de presentes para o Dia dos Pais apresentaram alta inferior à inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (IPC/FGV), de acordo com o economista André Braz.
De agosto de 2012 a julho de 2013, os preços subiram 5,86%. Itens como relógios (+0,62%), vinhos (+0,47%), perfumes (+4,63%), cintos (+5,02%), calçados masculinos (+3,44%) e roupas masculinas (+4,59%) tiveram altas menores.
De acordo com Braz, o consumidor deve ficar atento na hora de comprar. “O bom presente é aquele que cabe no orçamento sem gerar dívidas para o futuro”. Para quem vai às compras, a orientação de Braz é:
“procure comprar à vista, evite parcelamentos, busque o menor preço e abuse da criatividade”.